Tese das Mag 7 – Tese de Investimento Para um Portfolio com “Home Bias” – Joule Value FIC FIA

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Mag 7

Como Ler as Mag 7:

Mag 7: Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, NVIDIA e Tesla.
Essas empresas transcenderam a classificação de simples ações de crescimento. Hoje são infraestruturas globais essenciais, comparáveis a utilidades de infraestrutura digitalinfrastructure utilities”.
Não são mais apenas empresas de software e o seu grau de concentração remete aos monopólios ferroviários do século XIX: controlam os chokepoints críticos da economia global.
O capex tecnológico das Mag 7 não é apenas mais um fator do crescimento americano — é o fator central para projetar o desempenho econômico dos EUA.
“Tech investments is the most important factor to consider when assessing US economic growth.” – relatório da Franklin Templeton

Limitações de “expertise”

Com market caps tão expressivos, é ilusório buscar “edge” analítico individual no valuation dessas empresas.
O que se pode — e se deve — compreender é como essas companhias se consolidaram como alternativa de investimento, o que sustenta suas receitas e impulsiona seu crescimento.
Além disso, o valor de mercado das Mag 7 já não reage apenas a value events (como chama Damodaran, eventos bottom up que alteram o valor intrínseco dos negócios). Ele reflete sobretudo a dinâmica da liquidez global, funcionando como barômetro do ciclo de poupança e de capital.

1. Moat da Supremacia Financeira e Velocidade de Inovação

A barreira de entrada financeira das Mag 7 é intransponível quando olhamos os números:

CapEx agregado projetado para 2025: US$ 325 bilhões.
Em média, cada Mag 7 investe 3 a 4 vezes mais que o Plano Marshall, em valores atualizados.
A história mostra que gastos dessa magnitude mudam o curso de nações.

Exemplos de escala:

Microsoft deve investir US$ 80 bilhões em data centers de IA.
Alphabet destina US$ 75 bilhões à sua infraestrutura técnica.
Replicação impossível: seria inviável para qualquer entrante privado reproduzir o modelo de negócios, a base de clientes ou “apenas” os data centers dessas companhias. Pelo tamanho e velocidade seria algo pouco factível até mesmo para governos.

A supremacia não se limita ao CapEx – disputar um pequeno “share” do futuro dessas empresas também é praticamente impossível:

Elas gastam em P&D agregado em 2024: US$ 264 bilhões, cerca de 7 vezes o orçamento da NASA.
Essa intensidade em pesquisa acelera a velocidade de inovação, garantindo vantagens competitivas projetadas por décadas.

A magnitude cria barreiras de replicação praticamente absolutas:

Custo de substituição de cada Mag 7: mais de US$ 1 trilhão, segundo a Franklin Templeton.
Tempo mínimo de replicação: 15 a 20 anos.
Em termos práticos, isso significa que o capital exigido supera o PIB da maioria dos países.
Takeaway: o poder de fogo financeiro e a velocidade de inovação das Mag 7 formam um moat que nenhum concorrente consegue transpor, transformando-as em monopólios tecnológicos de escala global.

2. Moat da Infraestrutura Crítica: O Oligopólio da Nuvem e da IA

As Mag 7 deixaram de ser apenas empresas de software: hoje operam como utilidades de infraestrutura digital, controlando chokepoints críticos da economia global.
Hegemonia da Nuvem: AWS, Azure e Google Cloud concentram 63% do mercado global de infraestrutura em nuvem — a maior concentração de mercado desde os monopólios ferroviários do século XIX.

Corrida Armamentista da IA:

A demanda global por data centers deve exigir US$ 6,7 trilhões em investimentos até 2030.
Data centers de IA requerem 10x mais densidade energética (de 5 MW para 50 MW por instalação de mesmo porte).
Esse consumo equivale ao de cidades inteiras, exigindo proximidade com fontes de energia estáveis e redes de fibra de alta capacidade.

Vantagens de Localização Permanente:

Os data centers, devido às suas demandas extremas de infraestrutura, criam uma vantagem de escassez e monopólio geográfico, tornando a replicação por concorrentes proibitiva ou, em termos práticos, impossível nos mesmos locais privilegiados,
As Mag 7 já asseguram contratos de longo prazo com geradoras de energia e operadoras de rede.
Ao “capturar” antecipadamente a infraestrutura crítica, criam barreiras geográficas permanentes: novos entrantes simplesmente não conseguem ocupar os mesmos locais ideais.
Isso gera vantagens irreplicáveis de latência e conectividade, que não podem ser igualadas sem décadas de investimento e centenas de bilhões de dólares.
Na escolha da localização da sua infraestrutura elas criam (chokepoints) físicos e permanentes.

Controle da Cadeia de Semicondutores:

A NVIDIA domina o fornecimento de chips de IA, e 80% de sua receita já vem das Mag 7.
Além disso, essas companhias co-investem em fabricantes como TSMC e Samsung, garantindo acesso prioritário a recursos escassos.
Replicação impossível: não se trata apenas de levantar capital — seria necessário recriar simultaneamente a rede de data centers, a captura de energia e fibra ótica, e o acesso exclusivo a semicondutores. Isso é economicamente e fisicamente inviável no horizonte das próximas décadas.
Takeaway: as Mag 7 controlam a espinha dorsal digital da economia global, tornando-se monopólios de infraestrutura crítica em nuvem, IA e semicondutores.

3. Moat do Ecossistema: Efeitos de Rede e Lock-in do Cliente

As Mag 7 consolidaram um ecossistema de produtos e serviços que prende clientes em níveis financeiros, técnicos e operacionais.

Custos de Transição Elevadíssimos:

Migrar de uma plataforma como AWS custa entre US$ 10 milhões e US$ 100 milhões em projetos complexos.
Além disso, a dependência de APIs proprietárias exige reescrita completa do código das aplicações — um custo quase proibitivo para grandes corporações.

Vantagem de Dados:

O acúmulo de dados de bilhões de usuários gera vantagens de precisão preditiva que se ampliam ao longo do tempo.
Google e Meta, com datasets proprietários, oferecem capacidades de IA que concorrentes simplesmente não conseguem replicar.

Efeitos de Rede:

Plataformas como iOS, Android e Windows criam ecossistemas tão integrados que a migração se torna economicamente irracional.
O App Store da Apple, sozinho, representa trilhões de dólares em investimentos acumulados por desenvolvedores terceirizados, reforçando a permanência do usuário no ecossistema.
Replicação impossível: não se trata apenas de oferecer um produto alternativo; seria necessário quebrar redes globais de desenvolvedores, reconstituir bases de dados exclusivas e recriar plataformas operacionais centrais. O custo e a inércia envolvidos tornam a saída de clientes praticamente inviável.
Takeaway: o ecossistema das Mag 7 gera um lock-in estrutural baseado em custos de transição, efeitos de rede e vantagens de dados — um fosso competitivo que amplia seu domínio com o tempo.

4. Escala Global e Diversificação

Embora sediadas nos EUA, as Mag 7 operam como companhias globais, com receitas e riscos espalhados por diferentes geografias.
Receita Internacional: em 2024, as Mag 7 geraram US$ 1 trilhão fora dos EUA, entre 52% e 64% de suas receitas totais.
Diversificação Geográfica: o crescimento dessas empresas acompanha a expansão econômica global, não apenas a americana.

Contribuição para Mercados Globais:

Em 2023, as Mag 7 responderam por 39,8% do retorno total do índice global MSCI ACWI.
Coletivamente, já valem quase tanto quanto os mercados de ações de Reino Unido, Canadá e Japão somados.
Replicação impossível: nenhum outro grupo de companhias no mundo combina simultaneamente escala global de receitas, diversificação de mercados e impacto macro em índices de referência.
Takeaway: as Mag 7 não são apenas líderes nos EUA; sua escala internacional as torna ativos globais centrais, cujo desempenho influencia diretamente índices e portfólios institucionais ao redor do mundo.

5. Moat do Excepcionalismo Econômico Americano

O ambiente macroeconômico e cultural dos Estados Unidos é, por design, otimizado para a acumulação de capital e a maximização do lucro, o que as Mag 7 conseguem explorar em uma escala sem precedentes
O conceito de Excepcionalismo Americano em finanças é definido como uma combinação de traços econômicos únicos que favorecem o crescimento e o capital.
Isso vem da cultura americana, altamente criticada especialmente por democratas que geralmente usam o termo de “capitalismo predatório” para englobar as políticas que priorizam a eficiência em detrimento da igualdade.

temos aqui uma coletânea de termos:

princípios de ”eficiência em primeiro lugar”, maximização do lucro, um ambiente de “vencedor leva tudo”

Lucratividade Superior:

As Mag 7 são as vencedoras nessa arena: mantêm margens líquidas de 25,8%, o que é quase o dobro da média de 13,4% do S&P 500.    
Crescimento cumulativo de lucros (2016–2024): +1.200%, equivalente a 36% ao ano.
Em 2024, os lucros agregados cresceram 36,8%, contra apenas 7% no restante do S&P 500.
Receita trimestral combinada: US$ 509 bilhões.
Amazon e Apple, individualmente, geram mais de US$ 1 bilhão por dia em receitas.

Concentração de Lucro Econômico:

As Mag 7 capturam 32% de todo o lucro econômico das companhias abertas nos EUA.
As 10 maiores empresas (quase todas Mag 7) geram 70% do lucro econômico total do S&P 500.

Moat de Talentos:

Historicamente, os EUA criaram um “poço de gravidade de talentos” através da política de imigração especializada.
Políticas como o H-1B criaram um “poço gravitacional de talentos” em tecnologia.
Inventores nascidos no exterior respondem por 41% das patentes de tecnologia nos EUA, com produtividade superior.
Esse ecossistema de inovação foi decisivo para construir as bases em IA e nuvem que sustentam as Mag 7.
Replicação impossível: nenhuma outra jurisdição combina ambiente econômico pró-lucro, escala de capital disponível e capacidade de atrair talentos globais no mesmo nível dos EUA.
Takeaway: as Mag 7 são o produto de um excepcionalismo econômico americano que favorece concentração de capital, margens superiores e acesso irrestrito a talentos — fatores impossíveis de reproduzir em outros mercados.

6. Consequências para as Mag 7 e para o Mercado

A estrutura do excepcionalismo americano garante que o capital global flua para as empresas de crescimento americanas, como as Mag 7.
Os moats estruturais das Mag 7 criaram uma concentração sem precedentes nos mercados globais.

Concentração em Índices:

As Mag 7 representam 28% do S&P 500.
No MSCI World Index, já são 22% da composição total (junho de 2025).

Em 2023, contribuíram com 39,8% do retorno total do MSCI ACWI.

O MSCI ACWI Index (All Country World Index) é o índice global de ações que representa ações de grande e médio porte em mercados desenvolvidos (Developed Markets) e mercados emergentes (Emerging Markets). Ele serve como um dos benchmarks mais amplos para o mercado acionário global

Comparações com Países:

O valor de mercado combinado das Mag 7 é equivalente à soma das bolsas de Reino Unido, Canadá e Japão.
A Microsoft, sozinha, vale quase US$ 3 trilhões, mais que todo o mercado de ações do Canadá.

Os clientes dessas mega-companhias são muito mais numerosos que países.

Exemplo: Meta, divulga usuários a cada trimestre, tem em torno de 3.2 bilhões de usuários. Como perspecctiva, se o Vaticano publicasse o número de católicos veríamos um número menor que a metade, aprox. 1.4 bi de fiéis.

Comparações com Outros Índices:

Market cap combinado das Mag 7: ~US$ 12,3 trilhões.
Isso equivale a mais de 4 vezes a capitalização do Russell 2000 (~US$ 3 trilhões).

Atratividade Estrutural:

O capital global flui para as Mag 7 atraído por lucros crescentes e expectativas de rentabilidade futura muito superiores às disponíveis em Europa e Japão.
Essa concentração transforma as empresas em ativos de referência para ciclos de liquidez global, funcionando quase como um “proxy” de poupança mundial.
Takeaway: as Mag 7 deixaram de ser apenas grandes empresas americanas. Elas são hoje pilares do mercado global, equivalentes a países inteiros em valor e escala, com impacto direto nos principais índices de referência de investidores institucionais.

7. Racional e Fechamento

Para nós, avaliar o investimento nas Mag 7 é materialmente diferente do que costumamos fazer no nosso processo de investimento.
Sejamos razoáveis e no mínimo humildes: não faz sentido prometer um edge bottom-up superior, um expertise de análise nome a nome em empresas que concentram o melhor talento, capital e atenção analítica do planeta. Nosso insight não está em “descobrir” algo que o mundo não viu, mas em analisar e entender o significado combinado desse “conjunto”. Nossa criatividade ou habilidade nesse caso é enxergar esses negócios em uma perspectiva mais longa identificando padrões e circunstâncias que dificilmente deixarão de existir.
Foi isso que fizemos ao concluirmos que essas empresas são a espinha dorsal do mundo atualmente e representam “utilities” de infraestruturas globais essenciais.
Essa visão sobre o negócio dessas companhias traz a segurança sobre a perenidade dos seus negócios, algo muito diferente do que vimos no final da década de 90 quando empresas e produtos “hypados” que pareciam essenciais eram disruptados na semana seguinte por produtos mais modernos e ambiciosos.
Naquela época não haviam moats, swiching costs e a torneira do capex daquelas empresas eram frequentemente desperdiçado comprando outras startups que desapareciam antes de serem até mesmo incorporadas. O caso das Mag 7 é complemente diferente. Essas ”utilities de instraestrutura essencial para a economia global” tem barreiras de competição de escala, capacidade de investimento, irreplicabilidade, moats de ecossistema e lock-in que garantem a geração de caixa para tomar a infraestrutura existente e ocupar os locais de infraestrutura possíveis no mundo. O que descrevemos acima tornam a vantagem dessas empresas praticamente intransponível.
Nossa estratégia nesse caso não é tentar acertar a vencedora. Não temos a pretensão frágil de “acertar o nome” que ganhará a corrida em cada subvertical. Por isso defendemos o investimento em bloco para capturar o prêmio estrutural do oligopólio de infraestrutura digital monitorado por regras objetivas de risco. Olhando a mesma coisa por outro ângulo, esse combo representa hoje o “ativo-bloco” do capitalismo americano porque ele concentra crescimento, liquidez global e resiliência sistêmica.
Por inúmeros motivos não gostamos de Tesla guiados por uma série de circunstâncias do seu setor e fundamentos da própria empresa, inclusive o valuation. Para quem se interessar, Aswalth Damodaran tem muito material sobre a avaliação dessa empresa. O casamento do “story + numbers” não parece sustentar seu preço.
Se a tese se provar rentável, teremos escapado de um risco-retorno que não nos interessa hoje.
Tomamos mais cuidado com a NVidia, empresa mais sensível ao “valor presente do Ai” cujo parâmetro de observação é o investimento de capex das demais.
A validade da tese
Em primeiro lugar é necessário limpar o para-brisa de ruídos de curto prazo: não temos apostas independentes sujeitas ao ruído de notícias, feature wars e lançamentos que dão certo ou errado no trimestre. Anúncios de aumentos ou reduções de Capex, o lançamento de produtos concorrentes com a utilização de Ai são eventos de ação momentânea.
Essa tese estrutural que se junta e justifica o excepcionalismo americano sobrevive a ciclos de produto. Como exemplo, todos sabemos que o próprio DeepSeek foi treinado sobre os modelos americanos – não há mágica. Os melhores cientistas do mundo bancados com capital privado especialista no vale do silício não são tão “juniors” assim.
CAPEX, Rentabilidade e Liquidez Global
O primeiro parâmetro para acompanharmos é o fundamento dessas empresas. A tese continuará válida enquanto enxergarmos a saúde financeira dessas empresas. Nesse aspecto de maneira superficial, enquanto o CAPEX for menor que a geração de caixa dificilmente veremos o mundo desmoronar em um bubble burst.
A indústria da infraestrutura digital tem uma vantagem marginal de avaliar o retorno sobre investimento do seu capex. Na conta da avaliação de investimentos, esse “ROIC” obrigatoriamente conta com a expectativa de receitas dos produtos e serviços e ainda considera o “quando” esse retorno ocorrerá.
Sem incentivos que sejam perversos a essa dinâmica, como, por exemplo, dinheiro de graça (taxa de juros negativa, isenções fiscais significativas entre outras), não há porque considerar que aqueles que decidem sobre centenas de bilhões de dólares anuais de investimento não saberiam o que estão fazendo.
Nessa questão de disciplina temos que considerar a seguinte questão: com o tamanho dessas companhias e “share of wallet” que essas empresas já representam para milhões de acionistas no mundo, entre eles os investidores profissionais mais qualificados do mundo, apostar em uma assimetria de interesses (moral hazard) ou desalinhamento entre os executivos e os acionistas representados nos conselhos de administração (risco de agencia) também não é uma tese razoável. Aliás qualquer tese suportada em algum problema desse tipo – na falta de critério em investimento (money losing game) ou grande conflito de agencia significaria um grande “big short” maior do que o que virou filme na crise do subprime. Deixemos os black swams para quem os busca.
Aspecto temporal: nosso investimento na ponta mais rentável e dinâmica dos mercados globais já tem ciclos de investimento já contratados até pelo menos 2030, especialmente em IA e infraestrutura digital. Antes disso, dada a estrutura de capital dessas empresas, no pior dos casos sendo o CAPEX menor do que a geração de caixa do ano, o máximo que se perde é o próprio investimento marginal. Esse investimento, sendo rentável ou não, está pagando pelo Moat geográfico (barreiras geográficas permanentes) que descrevemos anteriormente.
Daqui há 50 anos veremos se o monopólio geográfico valeu o CAPEX dos próximos 5 anos.
Hoje é muito difícil defender a tese de estagnação na implementação de ferramentas de tecnologia e igualmente implausível não considerar a penetração do Ai na imensa maioria das atividades.
Nosso controle de risco teve que ser repensado para essa nossa alocação. Nosso monitoramento de risco sempre veio do bottom-up. Nossas decisões de alocação sempre são baseadas no que denominamos “total probable outcomes” que engloba as variações que enxergamos no cenário macro associadas aos seus impactos no micro da empresa em uma grande simulação de cenários Monte Carlo específica para cada uma das empresa que conhecemos.
Não conhecermos algo tão importante quanto o ROIC de um volume de investimentos inigualável na história do nosso planeta não é algo trivial para nós. Esse tipo de trade é muito mais comum à um gestor Macro que opera teses estruturais. Para nós dizer que “estamos acompanhando de perto “ essas empresas e os seus projetos é algo tão abstrato quando dizer que estamos sendo levados pela correnteza.
Nesse sentido formalizamos mecanismos para acompanhar esse investimento em bases claras, quatificadas e verificáveis. O controle é muito extenso para incluí-lo neste texto. Para nós mesmos e para os que tiverem curiosidade de entender o que mapeamos e como fazemos o controle esse material está disponível através do link a seguir: link: https://tana.pub/q6aQ5zOpqQO9/controle-do-picking-e-da-alocacao-tese-das-mag-7
Seguindo no nosso racional…
A resiliência dos Investimentos circulares: o ecossistema das Mag 7 mostra um apetite contínuo para investir umas nas outras e em players adjacentes (ex.: NVIDIA e OpenAI). Essa dinâmica de capital cruzado amplia a resiliência do setor e sinaliza confiança estrutural onde claramente uma empresa encontraria dinheiro no bolso das demais em situações mais difíceis. Seria plausível dizer que pirâmides geralmente são formadas através do movimento circular dentro do próprio sistema. Todavia hoje para nós é claro que a demanda de capital que uma empresa dessas pode exigir encontra naturalmente a sua vizinha superavitária como principal candidata interessada em aportar recursos. Não há tantos bolsos tão grandes e a atratividade do Moat da infraestrutura é mais atrativo para o próprio oligopólio. Temos que considerar ainda que o ROIC da investida compete com o próprio retorno do investimento nos seus ativos próprios, o que limita a insanidade do investimento.
Condições Macro tem uma relação imediata sobre os preços de mercado dessas empresas
Esse grupo de empresas transcendeu à classes de ativos hortodoxamente conhecidas para nós fica claro a necessidade de criar uma nova categoria (“basket”) para essas empresas, que deixaram não são simplesmente growth stocks, sensíveis aos sobe e desce dos ciclos econômicos, mas uma nova classe de ativos estruturais cuja resiliência vive na estabilidade das suas linhas de receita e dependecia da economia mundial.
Representando quase 30% do SP&500 e indo na direção de 25% do MSCI World e sendo responsáveis por quase 40% do crescimento de lucros do MSCI ACWI o crescimento dessas empresas está diretamente conectada ao crescimento do mundo.
Entretanto vemos claramente a sua relação de dependência da liquidez global: os preços das Mag 7 estão cada vez mais associados à liquidez e à poupança global. Isso as favorece em fases de afrouxamento monetário como o que estamos vivendo no mundo desenvolvido e emergente. Isso não exclui a importância de acompanhar possíveis incentivos de política pública que levem à assimetrias de risco e retorno no mercado dessas empresas. Sempre há risco de formação de bolhas uma vez que essas ações são favoritas para continuarem sendo “manias”.
Resiliência Sistêmica: dada a escala e relevância estratégica, é plausível que em cenários de stress haja apoio soberano ou privado para evitar rupturas. O risco financeiro agregado das Mag 7 é, em muitos aspectos, menor que o de vários países desenvolvidos. A alavancagem do “grupo” é bem mais saudável do que muitos países desenvolvidos maduros com dívidas altas e crescimento baixo.
Risco de Crises Globais: por outro lado, o colapso abrupto de qualquer uma delas teria efeito imediato de risk-off global, comparável a choques financeiros históricos. Nesse cenário não parece razoável considerar um cenário onde as posições domésticas ficassem a salvo de uma correção significativa.

Para investidores em mercados periféricos como nós, com moeda fraca e ciclos políticos curtos, a exposição às Mag 7 representa:

  • Acesso a crescimento estrutural fora da realidade local;
  • Diversificação contra riscos domésticos;
  • Um ativo descorrelacionado aos nossos negócios locais, que funciona como contrapeso ao home bias.
Conclusão
O investment case das Big Tech americanas é necessário (e até prudente), uma decisão top-down/estrutural para capturar um prêmio estrutural de um oligopólio de infraestrutura digital (utilities de infraestrutura), cuja escala, capex e ecossistemas tornaram a replicação economicamente inviável por décadas. Essa fatia pequena representa no nosso Fundo um “ativo-bloco” do capitalismo americano porque ele concentra crescimento, liquidez global e resiliência sistêmica.
“Amarramos” essa alocação a três pilares práticos: (1) disciplina financeira (capex < geração de caixa → menor risco de “bubble burst”), (2) seleção parcial (evitamos Tesla e temos mais cautela com NVIDIA), e (3) papel de portfólio para um investidor periférico brasileiro: acesso a crescimento estrutural, diversificação contra risco doméstico e contrapeso ao home bias.
Temos uma jabuticaba na história de mais de 25 anos do nosso Fundo: nossa exposição existirá enquanto estiverem respeitados os parâmetros que mapeamos além de enxergarmos a durabilidade dos moats e do excepcionalismo americano.
O mercado dessas ações responde sobretudo à dinâmica de poupança/liquidez global, não a pequenos eventos bottom-up um tipo de exposição diferente para nós vinda de uma alocação estrutural versus “stock picking” “com precisão” que estamos acostumados.
Inevitavelmente nosso mercado local certamente sofreria da mesma forma com um encolhimento de liquidez global sem o colchão da reserva de valor que as MAG7 representam nem a credibilidade na sua performance economica superior à velha economia no mundo. Para alguns eventos de risk-off as Mag7 representam fly to quality, dando mais resiliencia ao nosso portfolio, mas em eventos de redução de liquidez global certamente isso não ocorrerá.
Para um fundo com uma vocação bottom-up em nomes domésticos, essa alocação significa acesso a crescimento estrutural, diversificação contra risco doméstico e contrapeso ao home bias.
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